20/07/2010

População se levanta em Brazlândia na luta por moradia!


Na noite de sexta-feira, 16 de julho, cerca de 100 famílias ocuparam uma área em Brazlândia que vinha sendo visada pelos grileiros e especuladores de Brasília. A ocupação foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto – MTST, com o apoio de diversas organizações sociais, sindicatos, partidos e militantes independentes do Distrito Federal. Esta ocupação responde, pacificamente à violenta opressão contra a população perpetrada pelo Estado através da especulação imobiliária e os programas habitacionais inexistes para a população de baixa renda, trazendo uma nova alternativa à população que luta por moradia digna.

A ocupação contou com o apoio político e logístico de diversas entidades, a maioria delas envolvidas no processo do Brasília, Outros 50 e do Fora Arruda e Toda a Máfia, que derrubou o governador Arruda, PaulOctávio, entre outros corruptos no Distrito Federal desde novembro de 2009 até hoje. Apesar das importantes vitórias da esquerda do DF neste processo, o modelo neoliberal e as estruturas de poder historicamente constituídas no Distrito Federal continuam intactas, inclusive algumas até mais fortalecidas que antes. Esta constatação reflete-se claramente na questão habitacional, onde o PDOT imoral, ilegal e antiecológico, fruto de um processo de suborno que envolvia 420 mil reais para cada deputado distrital envolvido na sua aprovação, não foi revogado, tampouco considerado fraudulento pelo TJDFT.

As centenas de sonhos que foram novamente acesos na madrugada de sexta para sábado foram determinantes para que a população suportasse a fria primeira noite, sem estrutura, sem comida, sem nada que aquecesse o corpo além da dignidade, do companheirismo do restante do grupo e da esperança de que, daqui pra frente, a vida de todos iria mudar para melhor. Durante toda a noite já ouvíamos os planos das pessoas que, há anos vinham sonhando com uma vida digna, como o padeiro que teve sua casa derrubada pelo GDF e agora sonha em construir uma padaria para toda a população da nova comunidade que ali vai surgindo.

O que está acontecendo em Brazlândia é importantíssimo, pois marca uma nova fase de diálogo e articulação entre os movimentos populares e os movimentos estudantis, sindicais e partidos. Esta é uma oportunidade maravilhosa para a juventude das áreas centrais do DF integrarem-se à luta das outras comunidades, vivenciando a realidade da população esquecida por sucessivos governos na nossa capital, em um ambiente onde as pessoas são admiradas não pelo dinheiro que têm, mas pela coragem, determinação e companheirismo que demonstram na busca de um objetivo comum e emancipador para si e para os outros à sua volta. Se a cabeça pensa onde os pés pisam, então este intercâmbio de vivência já está demorando para acontecer.

O próximo passo para todos os que lutam por justiça social no DF é fortalecer a ocupação, fazê-la crescer e se multiplicar, torná-la um ambiente vivo, com oficinas, saraus, rodas de conversa, partidas de futebol e espaços de formação. É uma demonstração de que, mesmo no tão desagregador período eleitoral, é possível dar continuidade a um projeto popular para o Brasil, não alimentando a messiânica política do voto para mudar, mas a idéia de que é só através de muita luta e mobilização popular que conseguiremos transformar a nossa sociedade. Neste sentido, sintam-se todos convidados para virem a Brazlândia, para a ocupação onde quem manda é o povo. E o governo obedece.

Um forte abraço de luta a todos e todas,

Thiago Ávila

Militante do PSoL, pelo Coletivo Luta Vermelha, e membro da Assembléia Popular